"Omnia videre, multa dissimulare, pauca corrigere, (ver tudo, não dar importância a muito, corrigir pouco)porque mesmo vendo omnia, a dimensão máxima, preferia agir
sobre pauca, sobre uma dimensão mínima. Podem ter-se grandes projectos e
realizá-los, agindo sobre poucas pequenas coisas. Ou podem usar-se
meios fracos que se revelam mais eficazes do que os fortes, como diz São
Paulo na Primeira Carta aos Coríntios».
«Este
discernimento requer tempo. Muitos, por exemplo, pensam que as mudanças
e as reformas podem acontecer em pouco tempo. Eu creio que será sempre
necessário tempo para lançar as bases de uma mudança verdadeira e
eficaz. E este é o tempo do discernimento. E por vezes o discernimento,
por seu lado, estimula a fazer depressa aquilo que inicialmente se
pensava fazer depois. E foi isto o que também me aconteceu nestes meses.
E o discernimento realiza-se sempre na presença do Senhor, vendo os
sinais, escutando as coisas que acontecem, o sentir das pessoas,
especialmente dos pobres. As minhas escolhas, mesmo aquelas ligadas à
vida quotidiana, como usar um automóvel modesto, estão ligadas a um
discernimento espiritual que responde a uma exigência que nasce das
coisas, das pessoas, da leitura dos sinais dos tempos. O discernimento
no Senhor guia-me no meu modo de governar».
«Pelo contrário,
desconfio das decisões tomadas de modo repentino. Desconfio sempre da
primeira decisão, isto é, da primeira coisa que me vem à cabeça fazer,
se tenho de tomar uma decisão. Em geral, é a decisão errada. Tenho de
esperar, avaliar interiormente, tomando o tempo necessário. A sabedoria
do discernimento resgata a necessária ambiguidade da vida e faz
encontrar os meios mais oportunos, que nem sempre se identificam com
aquilo que parece grande ou forte».