.

.

24.9.10

Voar com o Último Flamingo

Anteontem fui ver o filme "O Último Voo do Flamingo". Saí de lá um tanto ao quanto dividida entre o alivio de ver um filme que não apela a sentimentos de repugnância ou medo (tem sido a tónica geral dos últimos filmes que fui ver) e a desilusão de um filme pouco bem feito (linguagem simplista). Um escritor como Mia Couto merecia uma adaptação melhor das suas obras que nos encantam, pensava eu. No entanto talvez não seja bem assim. Pensando bem, trata-se de um filme moçambicano. Que eu saiba Moçambique não tem grande percurso ou escola de cinema, muito menos de longas metragens ou de grandes produções. Logo este esforço pode ser mais válido que outros mais bem conseguidos no nosso país, por exemplo. Pensando bem, tem o mérito incontornável de ter adaptado uma obra de um autor moçambicano, de ter integrado muitos actores moçambicanos, de mostrar paisagens lindissimas de Moçambique, de ir buscar pormenores interessantissimos da cultura africana/moçambicana como sejam os tecidos e suas cores, o mobiliário, as danças, etc. (diria que tem uma boa produção). Gostei também do enquadramento dos planos de realização. Não me parece que houvesse um eficiente fio condutor da história (a história também não se revela fácil de transpor para a grande tela). Não me parece que alguns actores estivessem a um bom nível.
Sou fã dos livros de Mia Couto mas não sou grande fã da cultura africana.No entanto, estou satisfeita por ter viajado um pouco até Moçambique com este filme e de ter presenciado o seu contributo para o desenvolvimento do cinema e cultura daquele país.