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10.6.09

Homens

" Há quem diga que os homens mais bonitos do mundo são os nossos. Mas isso é para quem cega. Eu não cego. Posso amar a imperfeição e enternecer-me com a fealdade, mas para mim, o bonito é o bonito e o feio é o feio. É claro que nenhuma das versões se esgota no palminho de cara ou no desenho do corpo. Não há nada mais irremediável que um homem bonito e estúpido, nem nada mais atraente do que um feio com vivacidade e charme. É claro que no amor ou na cama tudo se torna irrelevante, mas ninguém vive permanentemente a amar e a fazer amor. Aqui vai, pois, a minha receita: que não seja bonito nem feio, mas que tenha olhos. Não olhos azuis ou verdes como já se usaram, mas fundos e perdidos, se possível. E que chorem, que saibam chorar.No olhar, é obrigatório que se adivinhem dúvidas, dilemas, alguma dificuldade em existir. As pestanas dispensam-se. A boca, sim, tem de lá estar, e os dentes devem constar bem tratados para sorrirem bem. E as roupas, as roupas deles. O ideal seria que se vestissem tão bem, tão bem, que fosse possível não repararmos nelas. A verdade é que não foram os homens que mudaram nem talvez o seu conceito de beleza: fomos nós que mudámos. A tal ponto que eu diria que o homem sexy deixou de ser aquele que nos desperta uma atracção acéfala, superficial e efémera, mas uma expectativa de virilidade e confiança capaz de nos prender para o resto da vida. Voilá"
Rita Ferro (retirado de uma revista já há alguns anos atrás)