É tão tarde! Espreito pela persiana da janela grande e vejo um luar lindo lá fora. Sou impelida a sair para apreciar melhor esta luz ténue e sentir-me envolver por ela. Torno à minha infância e à maneira deslumbrada, calma, e com tempo com que apreciava tudo. Sinto a noite fresca mas não fria, um perfume a flores (afinal sempre é Primavera mais uma vez) e alguns pássaros (será que já estão a acordar?). Sinto-me viva. Com pena de me ter esvaziado do encantamento puro da minha infância. O luar é o mesmo e será sempre o mesmo implacavelmente mesmo quando um dia eu já não estiver aqui para apreciar as coisas mais simples.
.."Não é coisa usual eu incluir prefácio nos meus livros. Entendo que eles se recomendam como os peregrinos de Santiago, pelas conchas que têm no chapéu e que simbolizam a viagem no sentido supremo, de descoberta, de testemunho e redenção." Agustina Bessa-Luís, em "Fanny Owen"
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16.3.14
Luar de Março
É tão tarde! Espreito pela persiana da janela grande e vejo um luar lindo lá fora. Sou impelida a sair para apreciar melhor esta luz ténue e sentir-me envolver por ela. Torno à minha infância e à maneira deslumbrada, calma, e com tempo com que apreciava tudo. Sinto a noite fresca mas não fria, um perfume a flores (afinal sempre é Primavera mais uma vez) e alguns pássaros (será que já estão a acordar?). Sinto-me viva. Com pena de me ter esvaziado do encantamento puro da minha infância. O luar é o mesmo e será sempre o mesmo implacavelmente mesmo quando um dia eu já não estiver aqui para apreciar as coisas mais simples.